domingo, 28 de outubro de 2012

Shin Guntō

Alguns de vocês leitores devem se lembrar da aposta interna do S.D.G. referente a uma enquete recente acerca a "melhor" arma da Segunda Guerra Mundial. Semanas atás eu e o Roberto apostamos que se a arma que sugerimos ganhasse a votação, ela ganharia um post especial escrito pelo perdedor. Por obviedade e excelência, eu ganhei.

Então, sem mais delongas, eis a Shin Guto: a Melhor Arma da Segunda Guerra Mundial!


Quando em 1868 o poder no Japão passou dos Xoguns ( senhores feudais) para o Imperador, iniciando a Era Meiji, as armas, armaduras e ideais dos samurais foram substituídas por equipamentos, uniformes e táticas ocidentais. 4 anos depois foi criado no Japão um Exército permanente, fazendo com que os samurais perdessem o status de protetores do Japão, as Forças Armadas passaram a produzir espadas Guntō para substituir as armas dos samurais e passarem a ser o equipamento padrão de combate corpo-a-corpo.

Em 1876, em um Edito Imperial, foi proibido portar espadas em público tirando para os ex-senhores feudais, policiais e militares. Mas com as guerras empreendidas pelo Japão contra China, Rússia e para conquista das ilhas do Pacífico as espadas voltaram a ser produzidas em larga escala para munir o Exército e a Marinha.
No período entre as Guerras Mundiais, todos os oficiais das Forças Armadas eram obrigados a portar espadas, como não havia no Japão material suficiente(tamahagane, o aço japonês) para forjar legítimas espadas japonesas, foram produzidas várias unidades com outros tipos de aço e que não seguiam os processos cuidadosos da produção, chamadas de Showato, enquanto no exterior são colecionados como objetos históricos, no Japão não são considerados como espadas japonesas legítimas e por isso podem ser confiscadas. Durante a Segunda Guerra Mundial, espadas de períodos mais antigos foram usadas para suprir diversas divisões de infantaria.

O general Murata Tsuneyoshi, que era um fabricante de armas de fogo, foi quem começou a produzir espadas militares em massa no Japão, que substituíram as espadas samurais. A primeira espada japonesa utilizada como padrão no Exército foi a kyū guntō, utilizada de 1878 até 1934 e sendo usada nas Guerras Sino-Japonesa e  Russo-Japonesa. Ela era muito parecida com as espadas feitas pelos europeus e americanos na época.



  • Tipo 94 - foi criada em 1934 e logo os oficiais superiores (com patente de major ou superior) passaram a usá-la em vez da kyū guntō. Os modelos legítimos eram feitas de tamahagne e tinham uma bainha de madeira. O cabo e a bainha eram decorados com imagens de cerejeiras, símbolo do Exército japonês.
  • Tipo 95 - foi criado no ano seguinte e tinha como objetivo se parecer com a tipo 94 para ser entregue a oficias subalternos ( com patente de aspirante a capitão). O cabo inicialmente era feito de metal, mas no fim da guerra a espada passou a ser feito de modo mais simplificado e então o cabo passou a ser feito de madeira de baixa qualidade.
  • Tipo 98 -criada em 1938, era o modelo simplificado da tipo 94, porém as diferenças eram pequenas. No final da Guerra, esse modelo passou a ser produzido com qualquer metal que pudesse ser utilizado e a bainha a ser produzida de madeira de péssima qualidade.

Há também um tipo do qual foram produzidas menos unidades, a Kaiguntō, que era utilizada somente na Marinha. Algumas unidades desse modelo foram feitas com aço inoxidável. 

Essas espadas, apesar de darem grande status social a quem as portava eram muito utilizadas em combates pelos oficiais subalternos quando entravam em lutas corpo-a-corpo em substituição dos fuzis ( geralmente Arisakas) com baioneta acoplada usados pelos soldados rasos. Quando não estavam diretamente envolvidos em batalhas usavam as espadas para mostrar que eram oficiais e não soldados.
As espadas usadas por esses oficiais foram o segundo objeto de guerra mais levados pelos soldados aliados, atrás somente da pistola Nambu. A maioria das unidades, que foram parar com o alto-comando americano foram  queimadas numa demonstração do poder dos EUA como potência vitoriosa e ocupadora do Japão. A maioria do restante foi  levado pelos veteranos dos países vitoriosos para suas casas na Inglaterra ou nos EUA, permanecendo pouquíssimas unidades no Japão.

Atualmente muitas das unidades estão sendo trazidas de volta por japoneses que tem um forte sentimento nacionalista (como o resto do país) e que enriqueceram no pós-guerra. Além das guntos originais há falsificações chinesas de material barato e simplificadas que muitas vezes enganam pessoas que estão começando sua coleção. Os preços variam de acordo com a procedência ( um intermediário ou o veterano e sua família) e pelo material do qual foi feita a lâmina, as lâminas que datam do início do xogunato são as mais valiosas, seguido pelas que foram feitas da maneira tradicional mas que são contemporâneas e por fim as produzidas industrialmente entre as décadas de 30 e 40. Os preços de modo geral variam entre US$ 900,00 e US$ 1700,00 para as espadas de oficiais subalternos, podendo ser menores ( na faixa de US$ 590,00) para espadas da marinha bem como maiores ( muitas vezes atingindo US$ 2500,00 ) para as espadas que foram utilizadas por oficiais superiores.

(Guillermo, isso não acabou! Haverá Vingança! Me aguarde!)


- Roberto Malta

Este post é dedicado a Rafael Costa , Giulia Tessitore, Larissa Nieman, Lucas Lemos, Stefane Eskelsen, Alvaro Castellani , Marina Campoy, Luis Guilherme Matias, Luis 'Pôlonia' Matias, arissa Luana Iquiene de Souza, Carmela Dalle e os demais que votaram pela Shin guto.




- Ilustra: Luis Guilherme Matias (finalização Guillermo Murúa)



(Votou na Shin guto e não colocamos seu nome? Reclame nos comentarios até editarmos!!!)

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