sábado, 24 de novembro de 2012

Bom Dia Vietnã: Guerra do Vietnã

Seguindo com a nossa coluna sobre músicas, decidi trazer hoje uma seleção um tanto mais democrática; aproveitando sugestões de leitores das outras colunas (aproveito para  reiterar desde já a importância dos seus comentários para o desenvolvimento de posts futuros). O Tema, mais amplo, é uma volta ao amâgo da tangencia entre música e beligerância: A Guerra do Vietnã.

Hoje retomamamos alguns ícones dos anos sessenta/setenta enquanto arranhamos sobre o conflito que marcou uma geração inteira de Americanos e muitas outras da história.

Sem mais;





War Pigs (sugerida pela leitora Sara Schiessl Schroeder)





War Pigs foi composta por todos os integrantes do Black Sabbath, Ozzy Osbourne na voz, Tony Iommi na guitarra, Geezer Butler no baixo e Bill Ward na bateria. Há divergências dentro do grupo se seria uma crítica completa a Guerra do Vietnã (defendido por Ward) ou se seria somente uma música anti – guerra (defendido por Ozzy).

A música foi gravada e lançada em 1970 e recebida e diferentes maneiras, Martin Popoff disse que a música era feia e que era uma música antiguerra como diversas outras e agora é chamado de uma das melhores da banda e a revista Guitar World escreveu que era a melhor música de Heavy Metal de todos os tempos e a classificou como o 56º melhor solo de guitarra de todos os tempos.

Logo no inicio da música os generais reunidos são comparados a bruxas em seus rituais, demonstrando sua maldade e depois o narrador afirma que são como feiticeiros construindo a morte dos outros, além disso, diz que eles se alimentam da guerra e que ela lava os seus cérebros (Generals gathered in their masses/Just like witches at black masses/Evil minds that plot destruction /Sorcerers of death's construction/In the fields the bodies burning/As the war machine keeps turning /Death and hatred to mankind /Poisoning their brainwashed minds).

Na segunda estrofe ocorre uma critica direta e forte aos governantes, dizendo que eles começam a guerra e depois se escondem para não cumprirem seus deveres como cidadãos, deixando os pobres para lutar (Politicians hide themselves away/They only started the war/Why should they go out to fight? /They leave that role to the pool). Na estrofe seguinte o narrador fala que os políticos fazem guerras somente por diversão e que sempre manipulam as pessoas, como em um jogo de xadrez (Making war just for fun /Treating people just like pawns in chess ).
  
Na última estrofe ocorre a narração do dia do juízo final, no qual os governantes atuais não tem mais o poder, e que se ajoelham pedindo perdão por todos os pecados, mas nesse dia a justiça é feita  e eles são penalizados(Now in darkness world stops turning/Ashes where the bodies burning /No more war pigs have the Power/Hand of God has struck the hour/Day of judgement, God is calling /On their knees the war pig's crawling /Begging mercy for their sins /Satan laughing spreads his wings).Esse trecho fez com que muitas pessoas considerassem a música satânica, mas essas pessoas não param para analisar e por isso interpretam a música de uma forma errônea.


I Was Only Nineteen




Essa música composta por John Schumann do grupo de folk australiano Redgum é uma música muito interessante por ser uma das poucas músicas que retratam a guerra do Vietnã sem ser do ponto de vista americano e uma das pouquíssimas que fala das tropas da ANZAC ( Australia and New Zeland Army Corps), as forças armadas conjuntas da Austrália e Nova Zelândia.

A música foi lançada em 1983 e os foi gravada por John Schumann como cantor principal e na guitarrista, Hugh McDonald na voz e no violino (somente esses dois eram do Redgum na gravação original), Brian Czempinski na bateria (depois ele entrou na banda), Trevor Lucas na voz de fundo e Peter Coughlin como baixista. Schumann teve a ajuda de seu cunhado e de um amigo seu para compor, Mick Storen e Frankie Hunt, pois ambos estiveram no Vietnã pela ANZAC. Essa música rapidamente chegou ao topo das paradas australianas e todos os ganhos obtidos pela música foram revertidos para a Associação de Veterenos Australianos do Vietnã.


A música começa com a narração dos soldados recém convocados que estavam indo para a guerra(Mum and Dad and Denny saw the passing-out parade at Puckapunyal/It was a long march from cadets.), mas logo na estrofe seguinte o narrador, um soldado raso da ANZAC começa a reclamar, do esforço da guerra e de ele ter ido para ele muito novo (And Townsville lined the footpaths as we marched down to the quay/This clipping from the paper shows us young and strong and clean./And there's me in my slouch hat with my SLR and greens./God help me, I was only nineteen.). Poesteriormente ele fala de como era uma Guerra contra si mesmo, de superação em condições adversas e de tentar sobreviver junto com seus irmãos de guerra (It was a war within yourself./But you wouldn't let your mates down til they had you dusted off/So you closed your eyes and thought about something else.).

Nesse ponto o narrador começa a ter problemas psíquicos, pois foram atingidos por agente laranja, uma arma química que entre outras coisas levava a distúrbios psicológicos, nesse mesmo dia um colega dele morreu depois de pisar em uma mina, no mesmo dia em que Neil Armstrong disse sua célebre frase ao pousar na lua, 20 de julho de 1969(Then someone yelled out "Contact!" and the bloke behind me swore/We hooked in there for hours, then a Godalmighty roar/Frankie kicked a mine the day that mankind kicked the moon,/God help me, he was going home in June.). A morte de seu companheiro levou a ele ter delírios sobre Frankie como de vê-lo vivo novamente ou a beira da morte na floresta( I can still see Frankie, drinking tinnies in the Grand Hotel/And I can still hear Frankie, lying screaming in the jungle).

Na penúltima estrofe Schumann reclama de como o alto comando da ANZAC escondeu informações sobre a guerra  e muitas vezes tentavam fazer lavagem cerebral nos soldados que retornavam para estes não revelaram seus segredos(And the Anzac legends didn't mention mud and blood and tears/And the stories that my father told me never seemed quite real./
I caught some pieces in my back that I didn't even feel/God help me, I was only nineteen.).


No meio e no final do texto, aparece um refrão que sofre pequenas alterações e representa um diálogo entre o narrador e seu psicólogo, nos quais ele faz perguntas relatando suas angústias, frustrações e descontentamentos.


Masters of War




Essa música foi escrita por Bob Dylan e composta por Jean Ritchie, foi gravada e lançada em 1963 com Dylan na voz e na guitarra, George Barnes no baixo e Herb Lovelle na bateria. A música foi extremamente bem recebida, sendo ainda bem popular e ter sido regravada por diversas bandas como Pearl Jam e The Roots.
Ela é uma crítica as políticas da Guerra Fria e mais especificamente a Eisenhower no final de seu mandato estar preparando a indústria e o exército para uma guerra, possivelmente a do Vietnã que já havia começado. Dylan disse nunca ter escrevido algo como aquela música antes e o crítico musical Andy Gil falar que é essa música continha uma crítica mais direta do que todas as outras músicas de Dylan.

Logo no começo da música o narrador já fala que apesar dos governantes se esconderem em qualquer lugar  possível, ele consegue ver seus planos e intenções verdadeiros (Come you masters of war/You that build all the guns/You that build the death planes/You that build the big bombs/You that hide behind walls/You that hide behind desks/I just want you to know/I can see through your masks). 

Depois disso ele começa a criticar os governantes, dizendo que eles manipulam o mundo e as pessoas (You play with my world/Like it’s your little toy) e que ele mente, ilude e engana, visando convecer a população de que se eles entrarem numa guerra em escala mundial (como a do Vietnã) conseguirão vencê-la (You lie and deceive/A world war can be won/You want me to believe).

Na quarta estrofe Dylan critica como os governantes preparam a guerra para a população lutar e depois apenas assistem enquanto seu próprio povo está morrendo (You fasten the triggers/
For the others to fire/Then you set back and watch/When the death count gets higher/You hide in your mansion/As young people’s blood/Flows out of their bodies/And is buried in the mud) e na estrofe seguinte diz que os poderosos podem até acusá-lo de estar falando coisas que não poderia falar por ser muito jovem e não saber do que fala, mas que no final, no dia do Juízo Final, ninguém perdoar eles pelo que fizeram com seu povo (ou might say that I’m Young/You might say I’m unlearned/But there’s one thing I know/Though I’m younger than you/Even Jesus would never/Forgive what you do).

No final da música o narrador pergunta se todo o dinheiro que eles obtiveram, muitas vezes de forma ilícita ou antiética conseguirá salvar sua alma quando o julgamento final ocorrer (Let me ask you one question/Is your money that good/Will it buy you forgiveness). Na última estrofe o narrador demonstra ter um ódio tão grande em relação a quem está no poder por suas ações em relação a mandar o povo à guerra que ele fará o que for possível para verificar se o político está realmente morto, para assim garantir que se livrou definitivamente das ações egoístas desse governante (And I hope that you die/
And your death’ll come soon/I will follow your casket/In the pale afternoon/And I’ll watch while you’re lowered/Down to your deathbed/And I’ll stand o’er your grave/’Til I’m sure that you’re dead).




Born in the USA ( sugerida pela leitora Beatriz Schepácz )




Essa música foi composta por Bruce Springsteen em 1982 e foi parcialmente em tributo para diversos amigos deles que lutaram no Vietnã ( sendo que alguns desses não voltaram) e também para criticar como os veteranos do Vietnã eram desprezados pela sociedade americana por essa ser a primeira guerra que os EUA não ganharam (enquanto todos os outros veteranos eram tratados como heróis).
Essa música foi extremamente mal interpretada, muitas pessoas pensaram que se tratava de um hino patriótico e nacionalista e Ronald Reagan pediu que Springsteen apoiasse sua campanha, algo que ele recusou por ser liberal.Ela foi feita para um filme que Paul Schrader estava pensando em fazer, mas quando saiu fez muito sucesso. Então para se reparar com ele Bruce ofereceu outra música que virou o título do filme, Light of the Day.

A música foi gravada com a E-Steet Band e nessa gravação era composta por Bruce Sprinsteen na guitarra (principal) e na voz, Danny Federici no piano, Gary Tallent no baixo, Steven van Zandt na guitarra e Max Weinber na bateria. Essa música atingiu o sétimo lugar na parada americana.

Logo na primeira estrofe Bruce já fala da vergonha que os veteranos do Vietnã sentiam pelo desprezo com que eram tratados pelos americanos e que lutaram por anos para tentar se recuperar disso (You end up like a dog that's been beat too much/Till you spend half your life just covering up) e no refrão ele afirma que é americano e se subentende que é algo aceitado pela sociedade dos EUA(Born in the u.s.a., I was born in the u.s.a. /I was born in the u.s.a., born in the u.s.a.  ). É o refrão que fez com que muitas pessoas pensarem se tratar de uma música patriótica.

Na estrofe seguinte ele fala como ele foi parar na guerra, entrou no posto de recrutamento e foi chamado para a guerra, lhe deram um fuzil e o mandaram matar vietnamitas (Got in a little hometown jam /So they put a rifle in my hand /Sent me off to a foreign land/To go and kill the yellow man). Depois quando retornou para casa e tentou arranjar emprego começou a sentir o desprezo, foi falar com um amigo dele na Associação dos Veteranos e ele lhe disse que é assim com todos pelo fracasso da guerra(Come back home to the refinery /Hiring man said son if it was up to me/Went down to see my v.a. man /He said son, don't you understand).

 Depois ele cita uma batalha contra os viet congs na qual seu amigo morre que na verdade foi contra o Exército do Vietnã do Norte, na qual os EUA fizeram uma ofensiva que levou a muitas mortes dos dois lados, pouco tempo depois os americanos abandonaram as posições levando a que esse batalha virasse um símbolo da inutilidade dessa guerra (I had a brother at Khe Sahn/Fighting off the Viet Cong/They're still there, he's all gone).

No último verso Springsteen fala que muitas vezes essa situação durou anos e que os veteranos nessas condições não têm saída, para eles a única escapatória seria uma mudança da mentalidade americana (I'm ten years burning down the road/Nowhere to run aint got nowhere to go). 




Gostou dessa coluna? Tem alguma crítica? Quer indicar alguma música para as próximas colunas? Então comente e deixe-nos a SUA opinião.


- Roberto Malta
- Logo Costumizado: Guillermo Murúa

12 comentários:

  1. Sara Schiessl Schroeder24 de novembro de 2012 às 15:31

    Sendo eu, uma fã assumidíssima dos The Beatles, tendo estes um estilo bem diferente do Black Sabbath, soa meio estranho fazer essa sugestão, no entanto, quando trata-se de música de protesto às guerras a primeira que me vem à cabeça é a War Pigs, uma música impactante, com conteúdo para reflexão, porém, como o próprio colunista salientou, muitas vezes é interpretada de forma errônea e preconceituosa quando retratada como “satânica”. Pelo contrário, a letra traz uma dura crítica aos governantes “Porcos da Guerra” por serem responsáveis pela destruição, sofrimento e horrores da guerra. E vai além, fica evidente que eles acreditam numa força maior, mais poderosa que todo o mau, quando dizem que os causadores da guerra sofrerão as consequências dos seus atos. Eu diria que, além do forte teor político e social, a música demonstra um amadurecimento espiritual da banda, em grande estilo heavy metal.
    Roberto parabéns! É isso aí guri, está se superando!!!

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    1. Muito obrigado pelos elogios, é sempre bom saber que alguém gosta do seu trabalho. Outra coisa que gostaria de falar, agora com provas disso, que realmente nos importamos com sua opinião e de todos os leitores.
      Uma coisa que tento fazer quando preparo as pautas é conseguir diversos estilos e bandas de diversos países, dessa forma simultâneo aos leitores conhecerem e aprenderem sobre novas bandas e musicas, eu também aprendo.
      Prometo que em breve teremos mais Beatles,ou pelo menos de algum integrante deles, e gostaria de agradecer pela sua complementação da análise de War Pigs e também a todos que sugeriram músicas e viram a coluna.
      Continuem acessando e daqui a duas semanas tem mais.

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  2. N consigo descrever meu sentimento quanto a esta merda, ha erros ortograficos, esta um trabalho de porcos alemaes. Sem lastima de duvida perdi meu tempo lendo isto, por melhor q vcs acham q seja, n esta. Ha fatos errados, vcs deviam pesquisar mais antes de escreverem bosta... lamento dizer isto, mais este trabalho n esta apresentavael, esta um famoso blog baiano sem cultura, uma grande merda.

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    1. Roberto, tira print do nosso primeiro recruta troll!

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    2. ... ah e só um detalhe, "Não" e "que", tem mais duas letras; "há", é uma oxítona terminada em "a" portanto tem tem acento, como "ortográficos", que é uma proparoxítona, sempre acentuadas. A mesma regra se aplica a "dúvida"; a palavra "apresentável" se escreve da seguinte maneira: "apresentável" e o gentilício "alamães" leva til no terceiro "a" para indicar som nasal. Mais curioso que isso, no entanto, é como você adquiriu preconceitos contra o nazifacismo alemão, se (e isso é tomado plenamete pela sua capacidade de redação) não aparenta ter lido,jamais, sequer uma revista de cheats pra San Andreas (agora sabe do que eu tô falando, né?). Isso sem falar no comentário sobre baianos. Qual é o problema de ser baiano, hein?

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    3. Luis "Polônia" Matias25 de novembro de 2012 às 16:50

      Ótimo artigo! Sinto tanta pena do indivíduo que escreveu aquela crítica que tenho vontade de chora, mas felizmente o SDG já o respondeu adequadamente então gostaria apenas de solicitar que o mesmo indíviduo faça a gentileza de apontar os erros cometidos no artigo de modo que possamos corrigi-lo, uma vez que ele aparenta possuir profundos conhecimentos acerca de história e português.

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    4. *chorar

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    5. Música, não se esqueça de música

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    6. Lástimável que haja pessoas que critiquem um bom blog somente para realiza-las, sem a menor produtividade

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