domingo, 9 de dezembro de 2012

Bom Dia Vietnã: Primeira Guerra Mundial

Desde os primórdios, a humanidade tem engajado em batalhas aterradoras. A infinidade de mortos e desamparados nos levaria a perguntar se haveria algum dia que a humanidade estaria em paz. No começo do século passado, surgiu o que se veria como uma resposta a essa pergunta: A Primeira Guerra Mundial ; alternativamente, a Guerra para Terminar Todas as Guerras.

Como qualquer conflito, foi sangrento e desgastante ( obviamente não foi o último). Mas, diferente de conflitos que anteriores, gerou um certo fervor cultural, principalmente por por bandas que que jamais estiveram em contato com ele. Junte-se a nós enquanto desbravamos algumas das melhores músicas ambientadas e inspiradas pela Primeira Guerra Mundial.






Paschandale




Essa música foi composta por Adrian Smith com a ajuda de Nicko McBrain para o álbum Dance of Death lançado em setembro de 2003, do grupo de Heavy Metal britânico Iron Maiden composto por Steve Harris no baixo, Dave Murray na guitarra, Adrian Smith na guitarra, Bruce Dickinson na voz,  Nicko McBrain na bateria e Janick Gers na guitarra.

Essa música mostra a Batalha de Passchendaele, também chamada de Terceira Batalha de Ypres, na qual houveram aproximadamente 500 mil mortos entre franceses, ingleses, canadenses, ANZAC ( australianos e neozelandeses) atacando contra os alemães na defensiva. Essa batalha durou de 31 de julho a 6 de novembro de 1917, sendo que o momento final e mais sangrento, em que ocorreram combates na lama foi no ataque a aldeia de Passchendaele, que finalmente foi tomada pelos canadenses em 6 de novembro, finalizando a Terceira Batalha de Ypres.

O nome da música é diferente do nome da batalha porque era assim que os ingleses escreviam e falavam o nome da aldeia, porque a região de Ypres na Bélgica fala holandês.
A situação inicial é de um soldado inglês em Ypres que está morrendo e pede que contem ao mundo a história da batalha que está acontecendo e todas as suas atrocidades (In a foreign field he lay/Lonely soldier, unknown grave/ On his dying words he prays/ Tell the world of Paschendale ) e nas suas últimas palavras conta sua história na batalha (Let me tell you 'bout his years/Laying low in a blood filled trench).

A narração começa com os aspectos psicológicos de estar na guerra, como nunca mais ver seus amigos e o medo reinante entre os soldados (On my face I can feel the falling rain/  Never see my friends again/ In the smoke, in the mud and lead/  Smell the fear and the feeling of dread) e depois ele prossegue falando sobre a batalha e sobre como ocorria e de quão sangrenta ela era, demais, até para os altos padrões de baixas da guerra( Soon be time to go over the wall/ Rapid fire and the end of us all/ Whistles, shouts and more gun fire / Lifeless bodies hang on barbed wire/  Battlefield nothing but a bloody tomb/ Be reunited with my dead friends soon).

O soldado, ainda em seus últimos momentos fala das consequências de todas essas mortes e de como isso leva até aos anjos chorarem e pedirem que todas essas guerras e suas perdas acabem (Allied troops they mourn their loss/German war propaganda machine/Such before has never been seen/Swear I heard the angels cry/Pray to god no more may die).

No final da música este soldado morre e apesar disso ele continua com seu fuzil preparado, como se fosse avançar novamente, mostrando quanto a guerra e principalmente os comandantes exigiam dos soldados ( I stand my ground for the very last time/ Gun is ready as I stand in line/ Nervous wait for the whistle to blow/  Rush of blood and over we go/  Blood is falling like the rain ).

Há ainda um trecho interessante, em que ele fala de que tal guerra não poderia ser vencida, pois quem quer vencesse, fosse os aliados ou a entrente, não ganharia de fato pois teria sua juventude aniquilada pela guerra (Surely a war no-one can win).

Oh! What a Lovely War

Esse filme, feito a partir de uma peça teatral baseada numa peça de rádio, feito no Reino Unido foi lançado em 1968 e é uma dura crítica a Primeira Guerra Mundial bem como a outras guerras e também é extremamente irônico.

·        I Want to Go Home


Essa música fala do desejo geral dos soldados de retornar para onde não teriam uma morte praticamente certa  e de não querer mais lutar por algo em que eles não acreditem e que não começaram (I want to go home, I want to go home,/I don't want to go in the trenches no more,/Where whizzbangs and shrapnel they whistle and roar./Take me over the sea, where the alleyman can't get at me;/Oh my, I don't want to die, I want to go home.).


·        Oh It´s a Lovely War

Essa música retrata de forma exemplar e extremamente irônica a visão que o alto comando tem dos soldados que estão lutando: o paradoxo entre o desperdício de alimentos e água feito pelos líderes dos exércitos comparado as privações dos soldados(Up to your waist in water,/Up to your eyes in slush/Using the kind of language,/That makes the sergeant blush;/Who wouldn't join the army?/That's what we all inquire/Don't we pity the poor civilians sitting around the fire.) e também fala de como a guerra é lucrativa para eles, um verdadeiro negócio da China, e também de como eles viviam confortavelmente, mesmo sabendo que nos campos de batalha diariamente milhares de pessoas de seus povos morriam (Oh! Oh! Oh! it's a lovely war,/What do we want with eggs and ham/When we've got plum and apple jam?/Form fours! Right turn!/How shall we spend the money we earn?/Oh! Oh! Oh! it's a lovely war.)


Gallipoli

]

Essa música foi composta pro M. Swan e D. Doyle e tronada famosa pelo grupo irlandês de folk The Fureys composto por Finbar Furey no banjo, Davey Arthur na guitarra, Eddie Furey na voz e violão e Paul Furey no acordeão.

Essa música é uma dura crítica a Batalha de Gallipoli, onde morreram aproximadamente 3500 irlandeses, nacionalidade dos membros do The Fureys.  Em 1914 surgiu no alto comando aliado um ataque ao Estreito de Dardanelos, posição estratégica entre os mares Mediterrâneo e Negro e também muito perto de Istambul, capital do Império Turco-Otomano (hoje capital da Turquia). No final de 1914 houveram diversos ataques da marinha britânica contra o estreito que aniquilaram o efeito surpresa da ofensiva que se realizaria no ano seguinte e deu tempo para os turcos se defenderem e fortalecerem a península de Galipoli.

Depois de um mês de ataques navais infrutíferos entre fevereiro e março de 1915, foi decidido que ocorreria uma ofensiva anfíbia em larga na escola em Galipoli. Em 21 de abril os desembarques começaram com um total de 75 mil entre soldados da ANZAC ( Australia and New Zeland Army Corps), a 29ª Divisão de Infantaria Britânica e uma divisão colonial francesa  (de africanos), posteriormente chegaram mais regimentos e divisões como o regimento de Fuzileiros de Lancashire ( no qual J.R. R. Tolkien lutou dois anos depois). Os turcos sob liderança alemã haviam fortificado a península de tal forma que as praias estavam desprotegidas  mas um pouco logo a frente existiam fortes com metralhadoras e canhões, que simplesmente dizimavam qualquer soldado aliado que se levantasse um pouco de sua trincheira. Os soldados que iam para lá sabiam de seu destino e escreviam bilhetes que guardavam em buracos na rocha ou nas trincheiras, geralmente para suas mulheres ou mães.

No começo da música, o narrador  fala de um garato irlândes que estava indo para a guerra, para Galipoli indo enfrentar uma morte certa  e o narrador fala que ele junto com a mãe do garato foram para o porto de Dublin se despedir dele(I remember the day it stands clear in my mind/We went down to Dun Laoighaire to wave you goodbye/Your ma was quietly weeping, there was a tear in my eye/your sailing to Gallipoli to die)e depois emenda, generalizando o caso desse garoto com o de todos os jovens britânicos que estavam indo pra Galipoli e que acabavam trazendo mais tristezas para a sua família do que imaginavam, algumas vezes esquecendo desse fato(You were all that we had, your mammy and me/when you marched head erect you were proud as could be/but it killed your poor ma and it slowly killing me/
when you were blown to kingdom come on the shores of Gallipoli ).

No penúltimo verso o narrador, que se percebe que é o pai do garoto, fala que ele havia lutadopor uma causa que não era dele e que ele não deveria ter feito da morte de outros homens enquanto o alto comando enriquecia e que na realidade a verdadeira guerra era em casa, junto com sua família pela sobrevivência neste mundo e não nas praias da Turquia pelo controle de algumas praias e um estrito (You fought for the wrong country you fought for the wrong cause/and your ma often said that it was Ireland's great loss/all those fine young men who marched to foreign shores to fight the war/when the greatest war of all was at home).


Pipe of Peace

 

Essa música, composta por Paul McCartney para o álbum Pipes of Peace lançado em dezembro de 1983 foi à primeira música dele em carreira solo a atingir a primeira posição nas paradas britânicas. Foi gravada com Paul McCartney na voz e no baixo, Steve Gadd na bateria, Danny Laine na guitarra, Linda McCartney no teclado, James Kippen na tabla e o coral infantil de Petalozzi na voz de fundo.

A música trata da Trégua de Natal de 1914, na qual soldados ingleses e alemães entrincheirados em Ypres pararam de lutar durante o natal. Tudo começou quando os alemães começaram a decorar suas trincheiras e árvores de natal com velas, mas no dia 24 de novembro ocorreu um congelamento e alemães e ingleses cantaram, cada um em suas respectivas trincheiras, canções natalinas um para o outro. No dia seguinte o tempo melhorou e os soldados se aventuraram a entrar na terra de ninguém para confraternizar com quem dois dias tinha lutado contra. Houveram trocas de presentes como chocolate, tabaco, cigarros e bebidas e diversas partidas de futebol entre os dois lados.

A maior parte dos soldados continuou com a trégua, mas os atiradores de elite e o resto não e, portanto, atiravam em qualquer inimigo que se aventurasse pela terra de ninguém. O alto comando aliado declarou incisivamente que isso não tinha ocorrido e ao saber do que estava acontecendo o general Sir Horace Smith-Dorrien, comandante do II Corpo do Força Expedicionária Britânica ficou irado e prontamente proibiu a comunicação entre britânicos e alemães. No lado alemão havia um jovem cabo que se opunha a trégua e que depois enfrentou J. R. R. Tolkien na Batalha do Somme, seu nome era Adolf Hitler.
No clip dessa música, Paul McCartney interpreta dois personagens: um britânico e um alemão que trocam fotos de suas mulheres que acabam de receber, ele até deixou o cabelo crescer somente para isso.

Ocorrem encenações das  trocas de presentes feitas pelos dois lados e dos jogos de futebol que ocorreram entre ingleses e alemães. No final do clip ocorre uma explosão e os soldados correm para suas trincheiras, representando o fim da confraternização (na guerra, como a maioria dos soldados se recusou a atirar nas pessoas com quem tinham celebrado o natal, cada exército foi mandado para fronts diferentes). Aproximadamente 100 figurantes participaram desse vídeo.

A música começa, assim como o clipe, com o narrador recebendo uma carta de sua amada que está em casa, o narrador também fala que o amor que ele tem por ela á a única coisa que o faz esquecer os problemas da guerra (I light a candle to our love, /In love our problems disappear.).
No começo da música, representado o período em que ele lutou antes da trégua, o narrador está disposto a dar o máximo de si para o esforço de guerra para eles e seus companheiros poderem voltar para casa e poderem aproveitar a vida novamente bem como para que as crianças que nascem em um mundo beligerante possam crescer em um momento de prosperidade e paz (All 'round the world, /Little children being born to the world./Got to give them all we can 'til the war is won, /Then will the work be done.). 

Na terceira estrofe o narrador atinge um novo estágio, quando ocorre a trégua. Primeiro ele culpa os inimigos, possivelmente os alemães porque McCartney é britânico, pela guerra e por toda a sua destruição (Help them to learn (help them to learn) /Songs of joy instead of burn, baby, burn. /Let us show them how to play/The pipes of peace,/Play the pipes of peace.), mas em um segundo momento, após a confraternização com os inimigos, ele percebe que na realidade ele é tão culpado pela destruição provocada pela guerra quando qualquer outro oponente que anteriormente ele demonizava (Help me to learn /Songs of joy instead of burn, baby, burn, /Won't you show me to play (how to play) /The pipes of peace, (pipes of peace) /
Play the pipes of peace ). Nos dois trechos, em que somente ocorre a mudança de sujeito , ele fala de aprender músicas sobre alegria, coisa que ele e os outros soldados havaim esquecido durante os meses que serviram ao exército.

O narrador então entra em uma terceira fase, na qual tenta convencer seus companheiros da inutilidade da guerra e de como ela está trazendo somente destruição ao planeta e que é necessário que alguém para com isso, o quanto antes melhor (What do you say? (what do you say?) /Will the human race be run in a day? (in a day?)/ Or will someone save this planet we're playing on? ).

A penúltima estrofe parece ser a conversa do narrador com o líder dos alemães, que ocorre no clipe ( os dois personagens feitos por McCartney), em que o narrador pede para que o outro o ajude a convencer os outros alemães que os ingleses são que nem eles e que é inútil lutar em uma guerra em que seus semelhantes serão dizimados (Help them to see (help them to see) /That the people here are like you and me. (like you and me) /Let us show them how to play (how to play) /The pipes of peace, (pipes of peace) /Play the pipes of peace.).

A última estrofe é a repetição da primeira, representando outra fase, em que os exércitos que celebraram juntos o natal são separados e ele volta a  se lembrar de sua amada para tentar fugir daquele universo de destruição e afirma que cada um depende apenas de si mesmo, em uma época em que generais e políticos mandam seu próprio povo para campos de batalha em que a chance de retorno é mínima (I light a candle to our love, /In love our problems disappear./But all in all we soon discover /That one and one is all we long to hear.).

-Roberto Malta

Nenhum comentário:

Postar um comentário